Florinhas do Vouga
Um símbolo de solidariedade em Aveiro
“Florinhas do Vouga” é certamente o símbolo de solidariedade em Aveiro. Esta instituição foi fundada em 1940 pelo Bispo D. João Evangelista de Lima Vidal. 80 anos mais tarde, é a IPSS mais conhecida na nossa cidade, oferecendo diferentes respostas aos mais variados problemas sociais. Hoje, contam com 75 trabalhadores e a ajuda de 110 voluntários
Esta instituição atua, principalmente, na Freguesia da Glória, onde se situa um dos mais problemáticos bairros sociais da cidade (Bairro de Santiago), ainda que, sempre que necessário, também dêem resposta a pedidos de freguesias vizinhas e subúrbios da cidade. Trabalham com crianças e juventude, população envelhecida, famílias e comunidade, assim como problemas de vício em drogas.
Em conversa com a Andreia Ruela, das Florinhas do Vouga, ela falou-nos um pouco da visão recente do impacto da instituição na comunidade local:
Sentiu-se a ausência prolongada do nosso serviço percebeu-se o real impacto de existir aquela rotina, a falta das atividades de estimulação da motricidade e cognitiva; as famílias nem sempre têm capacidade de suporte, perdem autonomia, lidar com esta dependência também desgasta emocionalmente. A pandemia trouxe uma nova realidade a que as famílias não estavam habituadas.
A existência de famílias numerosas com diversos problemas e sem salário, que dependem de apoios sociais e são em geral famílias em situação vulnerável, levou a que a instituição atuasse como mediador com o Programa Comunitário, de forma a ajudar aqueles que precisam e procurar sinergias para que se possa otimizar os recursos existentes e responder a emergências sociais.
Alguns exemplos deste programa são o projeto “Mercearia e Companhia” que dá apoio a cerca de 200 famílias por mês, com alimentação, roupas e outros itens, e a ação “Ceia Quente”, que distribui diariamente alimentos aos sem-abrigo de Aveiro.
Um outro desafio que enfrentam trata-se da saúde mental da comunidade. Não sabem por vezes para onde encaminhar, ainda que tenham uma parceria com uma neuropsicóloga, sentem falta de mais respostas e veem pessoas cada vez mais novas a precisar desta ajuda; começam a aparecer distúrbios como bipolaridade, depressão, ansiedade, e não sabem para onde encaminhar, “às vezes não há a resposta adequada, não se consegue dar a resposta adequada”.
Ainda outra preocupação das florinhas e desejo é trabalhar a questão da alimentação, sentem que ainda não estão a trabalhar nesta área como gostariam. Muitas famílias aparecem com distúrbios alimentares como obesidade, anorexia, que se fala da fome mas não se fala da pobreza nutricional.
O problema é que os cabazes que fornecem não são tão nutritivos como gostariam de dar às famílias; as famílias muitas vezes têm baixos rendimentos financeiros e o que recebem é graças à União Europeia e Banco Alimentar, mas são coisas congeladas e enlatadas. “É útil porque logisticamente temos de preparar todos os dias muitas refeições mas há o desejo de nos associarmos a produtores locais, estamos a descurar o lado ambiental e económico. É um caminho difícil e uma gestão difícil porque precisamos de arranjar a parte logística para acomodar os produtos que chegam e também trabalhamos na incerteza do que os produtores possam ter.”
No que toca à colaboração com diferentes associações locais, as Florinhas do Vouga estão sempre abertas a isso. Andreia Ruela diz que é importante identificar necessidades que são transversais às diversas associações locais e partilhar recursos entre estas.
Em relação às atividades com outras associações, também reparamos sempre no impacto, fica marcado, fica com as crianças, fica com os utentes. Nem que sejam pontuais, as atividades que tivemos feito com outras associações são sempre desafiantes e é importante a nossa instituição também se sentir desafiada e abrir portas a colaborações. Fizemos com a bio living a sementeira de bolotas com as crianças e são sempre atividades muito positivas, também fizemos pegadas de animais selvagens em gesso... Por exemplo os origamis feitos com a Agora Aveiro foram bons, porque produzimos origamis aqui e foi uma ação pontual que, no entanto, depois se reproduziu e se fez várias vezes, juntámos nessa atividade crianças, idosos, mobilizamos grupos diferentes, valências diferentes. Há partilha de recursos materiais, mas também gostávamos de ver partilha de recursos humanos, espaços... As associações necessitam de ser desafiadas neste sentido.
Há muitas coisas na lista do “A fazer” das Florinhas do Vouga, não obstante, há ainda mais coisas a apontar na lista do que já foi feito. Em termos gerais, esta Instituição adotou uma estratégia eficaz, preventiva, de promoção e inclusão da sua população alvo e assim tencionam continuar a lutar por um amanhã melhor para todos.
A Florinhas aceita voluntários e ocasionalmente necessitam de diferentes bens (roupa, produtos de higiene, etc.). Procuram-se voluntários para as diferentes áreas de resposta social, tal como ajuda nas ceias, apoio ao estudo, competências digitais... Fica atento, segue a sua página de Facebook ou entra em contacto via email.