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  • Desenvolvimento Sustentável

Mais do que plant(ar)

“Árvore a árvore enchem os voluntários a floresta”. Não é assim o ditado? Pois bem, o que é certo é que resulta e para além de dito, foi feito. Encerrámos mais uma edição do “Plantar o Futuro”, com a plantação de cerca de 1000 árvores e a participação de quase 900 pessoas.

Tempo estimado de leitura: 4 minutos e 10 segundos

© Helder Berenguer

Mais uma notícia sobre plantações e sobre um projeto que já leva  quatro anos de experiência? Será mesmo necessário voltar a descrever o que é o “Plantar o Futuro” e o que fazemos? Sim, podem ter a certeza que sim! Nós ainda não nos cansámos e não me parece que o façamos tão cedo, por isso cá vamos!

Se o mote continua a ser “Se todos plantarmos uma árvore, um dia teremos uma floresta”, a fórmula continua a ser dar árvores bebés a “pais” adotivos, e a conclusão continua a ser trazê-los a pôr as mãos (e as árvores, claro!) na terra, há algo que foi novidade nesta edição. O cenário das duas plantações deste ano deslocou-se um bocadinho. Começámos por reflorestar as margens do Rio Antuã, no Município de Estarreja na manhã chuvosa do dia 18 de março e seguimos para a União de Freguesias de Canelas e Fermelã, também no município, com uma manhã um pouco mais solarenga, no dia 25 de março para um terreno próximo da Ribeira do Cabrão. Este terreno, antigo eucaliptal pertencente à freguesia, com cerca de 7000m2 sofreu um incêndio no passado verão e está a passar por um processo de reconversão florestal, com o objetivo de promover a biodiversidade e aumentar a resiliência contra incêndios.

Ora, porque não basta plantar muito, mas há que sim plantar bem, unimos esforços e plantámos muito e muito bem as 1195 árvores que povoam agora um terreno biodiverso. Às espécies que foram entregues na Universidade de Aveiro, carvalhos-alvarinhos, bétulas, salgueiros-brancos, amieiros, freixos e pilriteiros juntaram-se outras, entre as quais o medronheiro, o folhado e o sanguinho-de-água. Assim, mantemos longe as tão comuns monoculturas e garantimos a tão necessária diversidade de espécies. Não se preocupem, garantimos que todas se dão bem umas com as outras e que estavam satisfeitas com a nova casa partilhada!

Houve ainda tempo, após o almoço e como manda a tradição, para energizers e uma visita guiada, com a remoção de plantas invasoras pelo meio. Desta vez, o passeio foi pelo Percurso do Rio Jardim, em Salreu, e pela Ribeira do Cabrão, em Canelas. Para além de rãs, relas, umbigos-de-vénus, junco, caniço, plantas carnívoras, ninfas de libélula e borboletas-colibri, tivemos também oportunidade de ver eucaliptos, acácias e lagostins-vermelhos-do-louisiana. Sim, as últimas três espécies referidas são invasoras, no entanto, estão presentes nos nossos ecossistemas e não há como ignorar a sua presença. Reconhecer estas espécies, saber o porquê de necessitarem de ser controladas e como, faz parte da sensibilização também. É assim que descobrimos coisas como as acácias serem da família das leguminosas. Sim, isso mesmo, só não aconselharia o seu consumo. 

Todos os locais têm o seu silêncio. O do “Plantar o Futuro” é um misto que transita do metálico das enxadas a cavar a terra, para o burburinho cliché das folhas a dançarem com o vento. Há risos, há conversas sérias, outras talvez não tanto. Há cansaço (muito), e há o brilhozinho nos olhos de missão cumprida. São “só” cerca de mil árvores, em dois dias, com “apenas” 77 participantes e, ainda assim, estes “sós” todos unidos são menos solitários do que parecem. Imagina o que seria repetir esta fórmula em mais sítios. 

Com as nossas árvores de raízes bem assentes no chão, aproveitámos para colocar os olhos no terreno, já que, ainda que o céu tenha muito para ver, hoje as estrelas são as folhas ainda tímidas daquilo que será um futuro mais verde. E com orgulho, desta vez não modesto, que todos os envolvidos merecem sentir, terminamos mais uma edição deste projeto que está cá para o futuro.

Fiquem com o vídeo-resumo desta 4ª Edição do Plantar o Futuro:

O “Plantar o Futuro” é organizado pela Agora Aveiro em colaboração com a Universidade de Aveiro e o Município de Estarreja. Conta com o Glicínias Plaza como "Main Partner", RODI Sinks e Caetano Auto como “Golden Partners” e SIRO - Substratos Profissionais e Casa Martelo como “Silver Partners”. É feito em parceria com o Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, o Núcleo de Estudantes de Biologia - AAUAv e o Exodus Aveiro Fest. Tem ainda o apoio do Município de Aveiro, do Programa "Voluntariado Jovem para a Natureza e Florestas" e do IPDJ - Instituto Português do Desporto e Juventude, I.P..

Liliana Macedo