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Building Bridges

De 22 de julho a 5 de agosto, os nossos voluntários exploraram diferentes abordagens criativas, desde a música à expressão corporal, como ferramentas de estímulo à cidadania ativa durante um Intercâmbio de Jovens na Eslováquia

Tempo estimado de leitura: 5 minutos e 27 segundos

Entre 22 de julho e 5 de agosto, os nossos voluntários João Antunes, Nuno Afonso, Cátia Lima, Beshir Akinci e Liane Carvalho participaram num Intercâmbio de Jovens (Youth exchange) na pequena vila de Prenčov localizada nas montanhas da região de Banská Bystrica na Eslováquia. Organizado pela associação ART KRUH, o “Building Bridges” focou-se nos valores comunais da União Europeia de partilha de experiências, capacidades e boas práticas com particular ênfase na partilha de abordagens criativas tais como a arte, música e comida. Desafiámos a nossa storyteller residente, Jacinto Storyteller (Jéssica Jacinto), a lhes fazer uma pequena entrevista. É este o resultado:

O Dragão Adormecido
Quando vives demasiado tempo no mesmo sítio, a tua realidade fica condicionada. Eu conheço todos os objetos da minha casa e tudo o que existe por detrás de cada porta dentro de cada caixa. Há um momento em que os sítios se esgotam e o que experiencias são variações do que já conheces” - Liane, a dragonslayer. “Quis experimentar a zona do desconforto” - Beshir, o fire-water dancing-dragon. “Aprender muito ou pouco, mas aprender. Tudo é experiência” - João, o alavarium-dragonslayer.  “Candidatei-me a este Youth Exchange porque era um novo desafio e experiência única” - Cátia, a green-dreamer. “As minhas maiores motivações foram a novidade e a aventura.” Nuno, o new-born painter-dragon.

Começaram a viagem para Prenčov como cinco voluntários da Agora Aveiro que não sabiam dos bilhetes de avião, mas ao chegar ao final da experiência transformaram-se  numa equipa de dragonslayers

O Dragão Desperto
A rotina deles mudou - acordavam perto da natureza; depois do pequeno-almoço, cuidavam em conjunto da manutenção do espaço onde viviam; durante o dia realizavam as atividades de educação não-formal e, à noite, reuniam-se à volta da fogueira com jovens da Itália, Croácia, França, Estónia, Eslováquia e Áustria para relaxar e partilhar pontos de vista e experiências. 

A sensação de sair do hostel e ver uma pequena vila rodeada por montanha e árvores é incrível. A uns minutos a pé encontramos o ponto mais alto de Prenčov, uma colina que permite ver a vila. Chamam lhe “Golden Hill” porque quando o sol se põe, os tons de dourado predominam. O verde da relva, em contraste com o azul do céu e aquela luz intensa e dourada... Não existem palavras suficientes, é preciso estar lá para presenciar esse momento.” - Nuno

A primeira vez que um veado passou, casualmente na estrada, até parecia mentira. Era um local bastante pacífico e introspectivo.” - Cátia

Durante 13 dias, comprovaram que era possível sobreviver em regime vegetariano, utilizar a energia solar para aquecer a água do chuveiro e lavar a loiça do almoço apenas com água e vinagre. Os trainers da ART KRUH partilharam ainda com os nossos voluntários os seus conhecimentos sobre permacultura e sistemas de compostagem que utilizam no dia-a-dia. A associação promove workshops destas temáticas para a comunidade, bem como outras atividades artísticas. 
No decorrer do Intercâmbio de Jovens, as equipas de cada país prepararam workshops para os restantes participantes. Desde percussão e expressão corporal, trabalho em equipa, resolução de problemas, música, dança, tipos de liderança e falar em público, muitas foram as oportunidades de explorar soft skills. Entre atividades, houve tempo de nadar nos famosos lagos de Banská Štiavnica (uma cidade próxima classificada como Património Mundial pela UNESCO), praticar desporto e partilhar cultura. 

A equipa da Estónia era a mais artística por isso, o workshop que propuseram focou-se na dança e liberdade de expressão. Ora, eu não gosto de dançar porque me faz sentir estranho, mas naquele momento, com aquelas pessoas, tive uma sensação de liberdade que não consigo explicar.” - Nuno 

Chamo-lhe ‘pôr o corpo no processo’ ou seja, estar conscientes do que o nosso corpo pode fazer. Tenho a ideia de que não sabemos como nos mexer e limitamo-nos muito, não exploramos o corpo.” - Beshir “Estamos tão condicionados para o que vão pensar de nós, que temos de nos comportar de determinada maneira e, às vezes, as pessoas negam-se à expressão.” - Liane 

A experiência culminou com a preparação de um evento local organizado em equipa - houve música tradicional de cada país, danças de fogo e uma plateia bem cheia. 

O Dragão Voador
Depois deste Intercâmbio de Jovens, quero muito mais viajar com um intuito um pouco diferente – quero também conhecer as pessoas dos locais por onde passo sempre que for possível.” - Cátia

Voltei com intenções de explorar mais o meio artístico e focar-me na experiência.” - Liane

Irei contribuir para a criação de um Intercâmbio de Jovens aqui em Portugal. Tinha, inicialmente, o plano de concorrer a bolsa de mestrado quando acabasse o curso, mas a verdade é que estudar desde os 6 anos de idade é um desafio grande. Por este motivo, pensei em fazer um GAP year. Os meus horizontes sempre foram limitados a certos locais, nunca fui aventureiro para sair. Aprendi em Prenčov que, de acordo a filosofia do “Dragon dreaming”, primeiro vem o sonho.” - Nuno

Jéssica Jacinto