Patrulha da Beata
Dia 17 de novembro assinalou-se o “Dia Mundial do Não Fumador”. Para relembrar este dia, criou-se a “Patrulha da Beata” para uma atividade um pouco diferente
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© Helder Berenguer
Percorrer a rua e reparar nas beatas presentes nas fissuras da calçada portuguesa ou estender a toalha na praia e constatar que, antes de nós, esteve naquele sítio um fumador que nos deixou uma “recordação”. Muitos de nós já nos deparámos com estes cenários ou presenciámos uma situação semelhante. E porquê?
O consumo de tabaco em Portugal, como no resto do mundo, é considerada a principal causa de morte evitável. Segundo dados de 2018 do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias, o tabaco é responsável pela morte de 32 pessoas diariamente.
Além do impacto direto na saúde, o tabaco ou, mais corretamente, os cigarros e as beatas, representam uma das maiores fontes de poluição do meio ambiente. Estas, quando deixadas no chão, demoram mais de cinco anos a serem decompostas, podendo ser ingeridas por animais, levando, por vezes, à sua asfixia e morte. Por serem leves e móveis, são facilmente arrastadas pelo vento e pela chuva entrando nos circuitos de águas pluviais. Estas águas, e as beatas que elas transportam, quando incapazes de ser devidamente processadas pelos sistemas de tratamento, acabam nos rios, oceanos e praias. Aqui o conteúdo em químicos das beatas como a nicotina, arsénio e chumbo, revela o seu efeito tóxico no ambiente.
Como forma de assinalar o “Dia Mundial do Não Fumador”, ontem, dia 21 de novembro, os membros da Agora Aveiro arregaçaram as mangas e, logo pela manhã, foram percorrer as ruas de Aveiro com o objetivo de recolher o máximo número de beatas. Ao fim de apenas uma hora e meia, a Patrulha recolheu 5295 beatas nas zonas da Praça Dr. Joaquim de Melo Freitas, Fórum Aveiro, Praça da República e arredores. São 5295 beatas que não irão parar aos oceanos nem ficar perdidas pelos cantos da cidade. Milhares de beatas que terão um fim apropriado e não vão contribuir para o crescente estado de poluição com o qual nos defrontamos atualmente.
Felizmente foram muitas as pessoas que nos abordaram, congratulando-nos pela iniciativa e relatando situações de falta de civismo com que as próprias se depararam. Esperamos que esta intervenção, por muito pequena que tenha sido, ajude a consciencializar a comunidade para uma mudança de pensamentos e atitudes.
Um especial agradecimento à Associação BioLiving que nos ajudou com os materiais e equipamentos necessários e na própria ação de recolha. As beatas recolhidas serão por eles encaminhadas, para que se aplique o tratamento.
A ação de recolha de beatas, parte da iniciativa “Patrulha da Beata”, faz parte do projeto “Guerrilla Division”. Foi realizada em parceria com a Associação BioLiving e a Rede Biatakí e contou com o apoio do Município de Aveiro e do IPDJ - Instituto Português do Desporto e Juventude I.P..
Vânia Martins