Avançar para o conteúdo principal
  • Inclusão e Sensibilização Social

Isto não é amor!

Trocámos as flores, os corações e as juras de amor eterno pela sensibilização da comunidade para aquilo que “não é amor”

Tempo estimado de leitura: 3 minutos e 19 segundos

© Helder Berenguer

O amor anda no ar, afinal, é o dia mais romântico do ano, o dia dos namorados. Provas de amor chovem sob aprovação do Cupido. Mas, por detrás delas podem esconder-se gritos, agressões e outros maus-tratos. Em 2020, num estudo realizado pela União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), 67% dos jovens inquiridos consideram legítima a violência no namoro em pelo menos uma das suas formas. Acrescido a isto, quase 60% admitiram já ter sido vítimas de comportamentos violentos.

Vais assim vestida?”, “Quem é aquela tua amiga? Não quero que voltes a falar com ela!”, “Se me deixas, não sei viver sem ti.” Talvez em algum ponto da nossa vida tenhamos ouvido estas pequenas frases. Talvez direcionadas a nós, aos nossos amigos ou familiares. Às vezes a linha que separa o amor da violência é ténue e saber identificar estes sinais pode se revelar crucial para um caso de violência no namoro.

Não podíamos ficar indiferentes. O projeto Valentino, conhecido por sair todos os anos para espalhar cor e amor pelas ruas de Aveiro, teve de se reinventar! Este ano, deixamos de lado as flores, os corações e as juras de amor eterno e direcionámos os holofotes para o que não é amor! 

Começámos com a campanha “Isto NÃO É amor!”. Com o apoio do Pedro Cerqueira da PLATE.PT, lançámos pequenos vídeos com frases e sinais indicativos de um relacionamento tóxico. Sinais estes que muitas vezes passam despercebidos. Depois disso, organizámos uma conversa online com a psicóloga Rita Bessa, da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) que, respondendo a perguntas da audiência, nos ajudou a perceber o que não é amor e a que meios podemos recorrer em caso de violência.

A violência no namoro começa com o primeiro ato de violência, mesmo que único, e não se resume apenas à violência física. “Temos que estar atentos, na maioria das situações o que acontece é que existe uma ou outra conduta de forma abusiva. O que acontece é que estas condutas nem sempre são facilmente identificáveis”, comenta Rita Bessa. Numa conversa casual, vários foram os tópicos, desde os ciúmes exacerbados, o poder da submissão e a necessidade de respeito de espaço e valorização pessoal. A ajuda à vítima muitas vezes depende de nós conseguirmos identificar que alguma coisa não está bem “[a vítima sente-se] culpada e fecha-se sobre si, isolando-se cada vez mais por não ser ouvida, compreendida”.

Não fiques em silêncio. Não sejas mais um número nas estatísticas. Se sofres, ou conheces alguém que sofre de violência psicológica, emocional ou física, a APAV pode ajudar-te. Contacta-os em www.apav.pt - apav.sede@apav.pt, www.apavparajovens.pt ou através do número do apoio à vítima 116 006 (chamada gratuita, dias úteis das 9H00 às 21H00).

O “Isto NÃO É amor” faz parte do projeto “Valentino”. Contou com as parcerias da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima e PLATE.PT. Teve o apoio da Câmara Municipal de Aveiro e do IPDJ - Instituto Português do Desporto e Juventude I.P..

Beatriz Meneses