Sabias que, a cada minuto, cerca de 7 mil filtros de cigarro vão parar ao chão em Portugal? E que estes demoram entre 18 meses a 10 anos para se decompor, libertando milhares de partículas microplásticas no processo? Pois é, os filtros dos cigarros (“beatas”) não são biodegradáveis! São feitas de um tipo de plástico, o acetato de celulose e, na sua composição, contém ainda um “cocktail” de substâncias tóxicas: formaldeído, arsénico, chumbo, nicotina, cobre e uma variedade de pesticidas. Uma vez no ambiente podem ser confundidas por comida pelos animais, acabando facilmente nos nossos pratos. Embora pequena, “só uma beata” é o suficiente para contaminar 1000L de água, a quantidade média que um português utiliza durante uma semana. As beatas representam assim uma grave ameaça para o ambiente, ecossistemas e saúde humana. 

O impacto ambiental dos cigarros não se reduz às suas beatas. Para o cultivo do tabaco, por ano, são desflorestados 200 mil hectares de floresta, com um consumo de cerca de 22 mil milhões de toneladas de água. A produção de tabaco resulta ainda na libertação de 84 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano, o equivalente a um quinto do CO₂ produzido pelos aviões.

Apesar da legislação prever multas pesadas para quem atire beatas, desde 2020 e até maio deste ano, dos meros 600 processos instaurados ao abrigo da “Lei das Beatas”, apenas 162 resultaram em coimas. As nossas ruas, praias e florestas continuam a ser o destino de toneladas de resíduos, sem que se observe uma mudança clara no comportamento individual.

Com o intuito de consciencializar para a importância de manter as nossas ruas (e o planeta) limpos, mobilizámos a comunidade para várias ações de recolha de beatas, um pouco por toda a região de Aveiro. Estas ações, organizadas entre os meses de abril e junho, em conjunto com a Escola Profissional de Aveiro (EPA), contaram com a participação dos Agrupamentos de Escolas José Estêvão e Dr. Mário Sacramento, Associação Académica da Universidade de Aveiro, Clã Universitário de Aveiro, Associação BioLiving e Exodus Aveiro Fest. No total, contámos com o envolvimento ativo de 998 participantes, tendo-se recolhido 156 665 beatas.

Como forma de sensibilizar toda a comunidade para o problema do descarte indevido de beatas, estas foram colocadas em exposição no nosso “Beatão”, no Forum Aveiro. Esta estrutura, construída pelos nossos parceiros, S-Vitech e Consórcio EPA-Ferpinta-Herculano, esteve até agora na EPA, tendo recebido as beatas que foram sendo recolhidas. Ficará nos próximos meses em exibição, acompanhada de uma infografia para, esperamos nós, mudar mentalidades e comportamentos. As beatas serão posteriormente enviadas para a Rede Biatakí, que se responsabilizará pelo seu tratamento e valorização. 

Este momento marca também o lançamento da página do CleanUp Aveiro, que passa a reunir informação sobre todas as atividades realizadas - recolhas de beatas mas, também, ações de limpeza das praias e Ria de Aveiro.

Com todas as condições reunidas, foi com energia e boa disposição que todos os participantes se mostraram focados na recolha do maior número de beatas. Proporcionaram-se, assim, ações com muita animação e trabalho, que realçaram a força do movimento conseguida pela união das pessoas. Juntos podemos construir uma comunidade mais forte e unida. Juntos fazemos a diferença! 

O "CleanUp Aveiro" é um projeto da Agora Aveiro organizado em colaboração com a Escola Profissional de Aveiro. Conta com o Forum Aveiro, Consórcio EPA-Ferpinta-Herculano e JR Mudanças como “Silver Partners”. Teve as parcerias do Agrupamento de Escolas José Estêvão, Agrupamento de Escolas Mário Sacramento, Clã Universitário de Aveiro, Associação Académica da Universidade de Aveiro, Rede Biatakí e Associação Bioliving. O projeto tem ainda o apoio do Município de Aveiro, do Programa “Voluntariado Jovem para a Natureza e Florestas” e do Instituto Português do Desporto e Juventude I.P..