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“Acting for democracy”, em tempos de crise

Nos tempos de democracia frágil e grande incerteza política em todo o mundo, "Acting for Democracy" é o mais recente projeto nosso aprovado pelo Erasmus+. Mais uma vez, estamos a abordar questões essenciais da atualidade, desta vez em parceria com a organização Cekom, da Sérvia.

Tempo estimado de leitura: 3 minutos e 53 segundos

A nossa primeira atividade presencial já terminou – uma visita de estudo de quatro dias, que trouxe a Aveiro um pequeno grupo da Sérvia. Foi uma experiência intensa, enriquecedora e repleta de emoções: partilhamos opiniões e informações, aprendemos muito uns com os outros, mas também tivemos tempo para provar ovos moles e nos divertirmos um pouco. Durante os próximos 12 meses esta parceria irá reforçar as competências de ambas as organizações no que diz respeito à participação democrática, aos valores comuns da UE e ao envolvimento cívico.

No primeiro dia, começámos com uma visita ao Europe Direct Coimbra, onde ficámos a conhecer melhor o trabalho da União Europeia junto dos seus cidadãos. A sessão informativa teve como objetivo a breve explicação das instituições europeias, dos requisitos de admissão e de como a UE tem sido uma vantagem para Portugal. Os participantes sérvios eram todos ativos nos atuais protestos estudantis na Sérvia e a questão europeia é-lhes extremamente relevante. Mas é claro que isso não significa que eles são todos pro-europeus. Nas palavras de Mirta, de 32 anos, explicam a perspetiva perfeitamente: “A União Europeia é uma ideia brilhante com valores que nós partilhamos, mas na prática as coisas são diferentes e neste momento não estamos de acordo com o que fazem com a nossa administração.”

Numa nota mais positiva, pode dizer-se que não só puderam cá vir aprender sobre as vantagens e ideais europeus como também puderam expor alguns problemas onde a União Europeia pode melhorar para captar as futuras gerações sérvias e ter boas relações com o país.

Já em Aveiro, visitamos o Edifício Atlas (Biblioteca Municipal), um grande exemplo de como o financiamento europeu pode ser utilizado para melhorar os espaços públicos. Tivemos uma visita guiada com a Dra. Sónia Almeida, Chefe da Divisão de Cultura e Turismo na Câmara Municipal de Aveiro, que nos revelou todos os segredos deste belo edifício.

Nesse dia à tarde, mergulhamos em temas ainda mais sérios. Quando planeamos este projeto no verão passado, não imaginávamos que, no momento da nossa primeira atividade, a Sérvia estaria a viver bloqueios e protestos universitários liderados por estudantes há mais de 100 dias. Tivemos a honra e a sorte de receber participantes envolvidos nestes protestos, que nos explicaram não só as razões por trás das manifestações, mas também a complexa logística da sua organização e os desafios que estão a enfrentar. A sessão foi conduzida por Mirta Crkvenjakov e Vuk Vujcin, que partilharam os seus testemunhos e ofereceram-nos uma perspetiva única sobre a geopolítica de um país que se encontra tanto geograficamente como em termos ideológicos entre a Rússia e a UE, tentando satisfazer diferentes interesses. Tivemos connosco a educadora e investigadora Alexandra Ataíde e o professor universitário José Carlos Mota, ambos com experiência em processos participativos por todo o país, que contribuíram com as suas visões e partilharam reflexões valiosas sobre o tema.

Depois desta sessão intensa, mas extremamente enriquecedora, seguimos para Ílhavo, onde visitámos o inspirador Laboratório de Cidadania pela Proximidade Urbana em Ílhavo.

No dia a seguir, o Diogo Nascimento animou uma sessão sobre as relações internacionais, particularmente ao nível atlântico e sérvio. O debate foi bastante ativo e aquecido particularmente quando foi abordada a questão da adesão da Sérvia à UE. Mas é essa a parte engraçada dos debates, e é aí que ambos os lados partilham pontos de vista para que se expandam mutuamente. Afinal, um debate onde todos concordam uns com os outros não tem piada nenhuma e torna-se numa das ditas câmaras de eco. 

Durante o projeto, os participantes foram relembrados do trabalho da educadora e pesquisadora brasileira Vanessa Andreotti, que afirma que todos possuem algum conhecimento, todo conhecimento merece respeito, todo conhecimento é parcial e incompleto e também que todo conhecimento pode e deve ser questionado.  Foi isso que fizemos.

Nenhuma viagem a Aveiro está completa sem uma visita à Costa Nova, por isso, depois do debate, o grupo foi até à praia e, como sempre acontece, alguns participantes molharam os pés (voluntariamente ou não) no oceano Atlântico.

Esta visita de estudo fez parte do projeto Erasmus+ “Acting for Democracy", cofinanciado pelo Programa Erasmus + e generosamente apoiada pela Câmara Municipal de Aveiro.

Agora Aveiro