A poluição continua a ser um dos grandes problemas em todo o mundo com a poluição marinha a aumentar a cada ano que passa. Não há cidade que escape a esta ameaça e Aveiro não é exceção. Quantas vezes ao passearmos pelos passadiços de Aveiro vemos lixo na paisagem? Quantas vezes nos deparamos com uma garrafa de água ou um pneu no horizonte? Tenham lá ido parar por acidente, por falta de cuidado uma coisa é clara - o lugar do lixo não é na Ria de Aveiro.

O lixo quando exposto aos diferentes elementos da natureza liberta substâncias tóxicas, que representam uma ameaça para a saúde humana, para os ecossistemas e para a biodiversidade. A Ria de Aveiro tem uma área de 1693 quilómetros quadrados, e a Região do Baixo Vouga uns cerca de 370 mil habitantes. É uma região recheada de paisagens tão distintas e encantadoras.

Foi com a mentalidade de que a nossa Ria merece ser respeitada e cuidada que os voluntários da Agora Aveiro, na manhã de dia 26 de abril, deram início a uma árdua manhã de trabalho nos Passadiços de Aveiro, em Esgueira. Começamos com uma. vigorosa pedalada da Casa da Bicicleta até ao Cais de Esgueira com as bicicletas de carga emprestadas pela Ciclaveiro (usadas para transportar os materiais de remoção de lixo). Já à entrada dos passadiços, a Anabela Pereira da Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA) deu uma mini-palestra para a sensibilização ambiental e proteção da biodiversidade na Ria de Aveiro. Falou-se de espécies invasoras, e também de espécies em perigo, como o cágado-mediterrânico. A maioria dos participantes eram jovens e crianças pertencentes ao Grupo 249 de Escoteiros de Aveiro, com idades entre os 5 e os 17 anos. Estes ficaram divididos em dois grupos para que se atacasse eficazmente dois troços dos passadiços em simultâneo.

O terreno pantanoso da ria é traiçoeiro, e por isso ficou acordado que os mais velhos estariam no lodo a retirar o lixo, enquanto os mais pequenos ficariam em terra firme a organizá-lo em sacos para posterior transporte. A recolha foi feita com ajuda de galochas e jardineiras impermeáveis emprestadas pela Associação BioLiving e pela ASPEA. Apesar da natureza do lavor, não houve falta de risos e diversão numa atividade que uniu três dezenas de pessoas para um fim tão nobre.

Sendo os passadiços muito procurados por corredores e passeantes, não houve escassez de pessoas que passassem pela ação e comentassem, incluindo estrangeiros que mostraram curiosidade pelo que certamente lhes pareceria um estranho ajuntamento.

Ao todo, foram retirados 91,5kg de lixo das lamas da ria, transportados com recurso às bicicletas da Ciclaveiro e, no final, recolhidos pela Veolia. A maioria destes resíduos foram retirados  a leste dos passadiços; a secção ocidental, que abre para a ria, é significativamente mais perigosa, mas alguns corajosos ainda se aventuraram por esses lados. Ainda que o peso final pareça elevado, corresponde apenas a uma pequeníssima fração dos resíduos que abundam na ria. 

Embora uma parte do lixo que encontramos na Ria seja trazido pelas marés, outra é intencionalmente lá colocada. Infelizmente é comum encontrar tijolos, telhas e outro material de construção, ilegalmente descartado nas margens da Ria. A estes juntam-se garrafas de plástico e vidro, pneus, garrafas de detergente, sacos, pedaços de esferovite, redes e arames. A mensagem subjacente parece clara a todos, exceto aqueles que fecham os olhos e ouvidos: a Ria de Aveiro merece melhor de quem a usa e convive com ela.

O CleanUp Aveiro faz parte do projeto “Aveiro mais Verde” da Agora Aveiro. Conta com o Forum Aveiro como "Golden Partner". É feito em parceria com a Associação Portuguesa de Educação Ambiental, o Grupo 249 de Escoteiros de Aveiro, a Veolia, a Ciclaveiro, a Associação BioLiving, a Escola Profissional de Aveiro, a Escola José Estêvão, a JR Mudanças e a Rede Biataki. Tem o apoio do Município de Aveiro e do IPDJ - Instituto Português do Desporto e Juventude, I.P..