O projeto “Guardiões da Natureza” tem como objetivo sensibilizar a comunidade para a sustentabilidade e responsabilidade ambiental, com um foco especial sobre as crianças e jovens. Através de atividades de educação não-formal, como jogos e oficinas, complementa o ensino formal das escolas e promove uma atitude mais responsável e consciente, fazendo das crianças verdadeiros guardiões da natureza e do meio ambiente como um todo.

Nos dias 7, 9 e 12 de maio, os Guardiões da Natureza embarcaram numa nova missão na Escola Básica João Afonso de Aveiro e em várias escolas do Agrupamento de Escolas João da Silva Correia, em São João da Madeira: inspirar sem esconder a realidade, educando os mais pequenos para alguns dos perigos devastadores que os mareas enfrentam, como a sobrepesca e a acidificação dos oceanos. A ação envolveu 9 turmas do 5.º ano e 6 do 1.º ano, combinando uma apresentação educativa com um jogo didático, interativo e divertido.

Para começar da melhor maneira, antes de entrarem na componente teórica da atividade, os “adultos do futuro” participaram num jogo recentemente criado pelo projeto. Neste jogo, transformaram-se em personagens do “quotidiano oceânico”, cada uma com um objetivo específico. Enquanto peixes pequenos e grandes, como o atum e o tubarão, e até golfinhos nadavam pelos vastos mares, os pescadores tentavam capturar o maior número possível de peixes no curto período em que permaneciam no mar. Mas havia um desafio adicional: o lixo também estava no oceano.

Apesar de lançarem incessantemente a sua rede de pesca (representada por um cobertor), sem pausas nem cuidados, os pescadores terminavam o dia frustrados. Ouvia-se a sua indignação ao perceberem que, em vez de peixes, as redes estavam cheias de golfinhos, tubarões e lixo. Embora pareça ficção, foi precisamente esta a experiência vivida pelos alunos, levando-os a questionar: o que correu mal?

A partir das várias respostas, todas pertinentes, os Guardiões da Natureza conduziram uma reflexão informada, apoiada em dados acessíveis e investigações científicas rigorosas. Abordaram dois temas centrais: a sobrepesca, que exerce uma enorme pressão sobre muitas populações de peixes devido à exploração insustentável, e a pesca acidental, responsável pela captura e morte de milhares, ou mesmo milhões, de animais que não seguem para consumo humano, como golfinhos, tubarões, tartarugas e aves marinhas. Segundo a Comissão Baleeira Internacional, estima-se que cerca de 300 mil baleias, golfinhos e toninhas morrem anualmente como resultado da captura acidental.

O Guardiões também exploraram a temática da “acidificação dos oceanos”, problemática menos conhecida, embora esteja a ter um impacto igualmente devastador na biodiversidade marinha. A acidificação dos oceanos corresponde à diminuição do pH da água do mar, causada pela absorção de dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera. Quando o CO₂ se dissolve na água forma ácido carbónico, tornando os oceanos mais ácidos. Este processo afeta negativamente muitos organismos marinhos, especialmente os que dependem do carbonato de cálcio, dissolvido na água, para formar conchas e esqueletos, como os bivalves e os corais. Ameaça também os ecossistemas marinhos como um todo e a cadeia alimentar. Aqui, a explicação foi feita com recurso a uma atividade lúdica e interativa. Para simular a acidez dos oceanos, colocou-se água com vinagre em frascos de vidro. Posteriormente, pedimos às crianças que colocassem conchas nos frascos e observassem o que acontecia. De facto, a acidez provocava a dissolução das conchas, algo que, embora não tão rapidamente - mas em muito maior escala - acontece nos oceanos de todo o mundo. O aumento da concentração de CO₂ na atmosfera, para além de exponenciar o efeito de estufa e o aumento das temperaturas médias globais, está também a ter este efeito: aumentar a acidificação dos oceanos com graves consequências para os organismos marinhos.

Para terminar com uma mensagem de esperança e motivação, os alunos assistiram a um vídeo inspirador e emotivo, criado por um membro da equipa do projeto. Com o mote “Cada gesto conta!”, o vídeo reforça a importância de agir com responsabilidade para com o oceano e de não permanecer indiferente perante os muitos desafios que afetam o nosso planeta, a única casa que temos.

Findas esta sequência de atividades na nossa região, podemos afirmar que o objetivo de reforçar o conhecimento dos alunos e incentivá-los a refletir sobre os desafios dos mares foi alcançado com sucesso!