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  • Desenvolvimento Sustentável

10 Anos a “Plantar o Futuro”!

Por um futuro mais verde, nas últimas duas semanas mobilizámos cerca de 110 participantes para plantar mais de 1250 árvores nativas no Eco Parque Empresarial de Estarreja e celebrar os 10 anos do projeto.

Tempo estimado de leitura: 5 minutos e 20 segundos

© Helder Berenguer

O ano de 2024 marcou os 10 anos do “Plantar o Futuro”, uma iniciativa que nasceu em 2014, pela mão dos alunos de Biologia da Universidade de Aveiro e que, uma década mais tarde, se tornou num dos maiores projetos de sensibilização ambiental do país e de recuperação da floresta autóctone.

A iniciativa surgiu em 2014 como “Biologia a Plantar o Futuro” e estava integrada no programa de receção e integração dos novos alunos da Licenciatura em Biologia da Universidade de Aveiro. O seu objetivo era promover a responsabilidade social e ambiental, bem como contribuir para a recuperação da Floresta Nativa Portuguesa. 

Em 2014, sob a organização da Comissão de Faina de Biologia e com o apoio do Departamento de Biologia, do Herbário da Universidade de Aveiro e da Unidade de Vida Selvagem, cerca de 80 caloiros ficaram responsáveis por cuidar de pequenos carvalhos-alvarinhos. Por altura do Dia da Floresta Autóctone, em novembro, foram até à Mata Nacional do Buçaco, para os plantar. Nos anos seguintes a iniciativa expandiu: em 2015 regressou à Mata do Buçaco, em 2016 decorreu no Município de Albergaria-a-Velha e, em 2017, já sob a gestão da Agora Aveiro, o projeto chegou à Mata de Vilar, no Município de Lousada.

Em 2018, na sequência dos devastadores incêndios que assolaram Portugal, com especial incidência em Pedrógão Grande, nasceu o “Plantar o Futuro”. O projeto passou a abranger toda a comunidade académica da Universidade de Aveiro, incluindo alunos, docentes e funcionários, com as atividades de reflorestação agora focadas no Município de Estarreja. Desde 2014, somando os resultados do “Biologia a Plantar o Futuro” e do “Plantar o Futuro”, contabilizam-se mais de 5600 “adotantes” - pessoas que adotaram uma árvore nativa - e mais de 7800 árvores plantadas por cerca de 850 voluntários na Mata Nacional do Buçaco e nos Municípios de Albergaria-a-Velha, Lousada e Estarreja.

O Propósito do “Plantar o Futuro”

Os incêndios florestais tornaram-se uma triste rotina dos verões em Portugal. Segundo o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, a maioria tem origem na negligência humana - desde queimadas mal controladas na agricultura, pastorícia e caça até atos criminosos motivados por vandalismo, disputas entre vizinhos ou até mesmo o desejo de desafiar os meios de combate aos incêndios. A desertificação do interior, a falta de ordenamento florestal e o aumento das temperaturas médias agravam ainda mais o problema, criando o cenário perfeito para que o fogo se espalhe sem controlo.

Em vez de nos limitarmos a uma ação pontual de reflorestação, propomos algo maior: transformar a simples plantação de uma árvore num compromisso duradouro com a preservação da floresta nativa. Os participantes não só adotam uma árvore, como recebem acompanhamento contínuo através da Linha de Apoio, acesso ao Guia Plantar o Futuro, participação no Fórum de Partilha de Boas Práticas e envolvimento ativo nas Ações de Reflorestação, Visitas Interpretativas e Ações de Controlo de Plantas Invasoras

A 6ª Edição: Um Marco de Sucesso

Em 2024, na 6ª edição do “Plantar o Futuro”, 758 alunos, docentes e funcionários da universidade aceitaram o desafio de adotar uma árvore nativa e dela cuidar até à sua plantação. Para esta edição foram disponibilizadas duas espécies de árvores - carvalhos-alvarinhos e sobreiros - e três espécies de arbustos - medronheiros, pilriteiros e azevinhos. Os participantes contaram com o suporte do Guia Plantar o Futuro e da Linha de Apoio, que ao longo de quatro meses recebeu mais de 50 pedidos de assistência.

Com a chegada das chuvas, iniciaram-se as Ações de Reflorestação. Para os adotantes que não puderam comparecer, foi criado um ponto de recolha na Universidade de Aveiro, garantindo que todas as árvores adotadas seriam devidamente plantadas. Das 758 árvores adotadas, 634 regressaram, representando mais de 80% do total. Para cumprir o objetivo de plantar, pelo menos, 1000 árvores, recorreram-se a exemplares de reserva das Estufas Municipais de Estarreja.

Num claro desafio ao S. Pedro e às previsões que apontavam para chuva, nos dias 15 e 22 de fevereiro, partimos bem cedo pela manhã em direção a Estarreja. Sob a orientação das equipas da Agora Aveiro e do Município de Estarreja, plantámos mais de 1250 árvores no Eco Parque Empresarial do município, ultrapassando os objetivos do projeto. Para nos ajudar nesta missão contámos com antigos voluntários, parceiros do projeto - com destaque para a Caetano Auto - e, este ano, o Grupo 249 da Associação dos Escoteiros de Portugal. No total foram cerca de 110 voluntários que arregaçaram as mangas, calçaram as luvas, pegaram em enxadas, pás e picaretas e passaram duas manhãs a fazer voluntariado pela natureza. O resultado? Centenas de árvores autóctones plantadas em prol da floresta nativa e do seu valor na resiliência contra incêndios, promoção da biodiversidade e mitigação das alterações climáticas. 

No cenário global esta é apenas uma pequena ação, mas uma com o potencial para ser replicada noutras universidades, escolas e comunidades, demonstrando que ações individuais, embora pequenas, quando repetidas por centenas ou até milhares de pessoas, têm o potencial para mudar as nossas comunidades e o mundo.  

Helder Berenguer

Helder Berenguer