Existe algo de verdadeiramente valioso em trazer a Natureza até às pessoas, especialmente no meio da agitação do quotidiano moderno e, sendo este o foco principal dos Guardiões da Natureza, podemos dizer que o passado domingo foi um dia de sucesso. No decorrer da tarde do dia 13 de Abril os Guardiões marcaram presença no ObservaRia, um evento organizado pela Câmara de Estarreja, no Centro de Interpretação Ambiental (CIA) da BioRia. Por entre pinturas e jogos de cartas, as mentes dos jovens ficaram a conhecer a diversidade de formas e cores do mundo das aves da Ria de Aveiro.

A Ria de Aveiro, uma das mais extensas zonas húmidas de Portugal, é um complexo sistema lagunar que, no seu rumo até ao mar, envolve os mais diversos habitats: florestas, prados, sapais, dunas e zonas de bocage. Este património lagunar, de acordo com o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), recebe regularmente mais de 20.000 aves aquáticas de cerca de 180 espécies, algumas apenas observáveis no verão, como a garça-vermelha. A Ria é de particular importância para as aves migratórias que habitam as zonas pantanosas, chamadas de “migradores paludículas”. Para estes, a Ria pode servir simplesmente como zona de passagem ou como um importante local de alimentação e descanso. Para outros, a Ria é sinónimo de casa, passando a maior parte do ano aqui, como o  guarda-rios. Por estas razões, a Ria de Aveiro é classificada como  Zona de Proteção Especial (ZPE) onde se encontram vários Sítios de Importância Comunitária (SIC). As ZPE, estabelecidas ao abrigo da “Diretiva Aves”, destinam-se a garantir a conservação das espécies de aves, os seus habitats, ovos e ninhos. 

A descoberta por este novo mundo iniciou-se com um jogo de silhuetas que desafiou os participantes a identificar diferentes espécies emblemáticas da Ria de Aveiro. Seguiu-se um momento de ecologia, onde, ao corresponder cartas com diferentes tipos de alimentos - insetos, peixes, frutas, sementes e crustáceos - às cartas com espécies da Ria, as crianças aprenderam sobre a alimentação de cada uma destas. Por último fez-se uma “sessão de ilustração” numa atividade com tintas naturais criadas à base de água e amido de milho: as cores surgiram com a adição de especiarias, extrato de couve-roxa e um ácido ou uma base.

A vontade de proteger começa por conhecer. A forma mais simples e valiosa de dar vida a uma causa é passar a mensagem, tornando este ato ainda mais especial quando se estabelece uma comunicação intergeracional: quando a mensagem é passada de geração em geração. Se as crianças do presente não conhecerem a biodiversidade que nos rodeia, não haverá um futuro onde esta é protegida. Ensinar os mais novos sobre a Natureza é o primeiro passo para cuidar dela. 

O “Guardiões da Natureza” faz parte do projeto “Aveiro mais Verde” da Agora Aveiro. Tem como parceiros Centro Escolar de Santiago, o Centro Infantil de Arte e Qualidade e o Município de Estarreja. Conta ainda com o apoio da Câmara Municipal de Aveiro e do IPDJ - Instituto Português do Desporto e Juventude I.P.